O conselheiro independente José Luciano Duarte Penido fez críticas contundentes à condução da sucessão na presidência da mineradora.

Em carta de renúncia enviada à Vale, o conselheiro independente José Luciano Duarte Penido fez críticas contundentes à maneira como vem sendo conduzido o processo sucessório para presidente da mineradora.

O documento foi endereçado ao presidente do conselho de administração da Vale, Daniel Stieler, ao vice-presidente de finanças da empresa, Gustavo Pimenta, e ao diretor de governança corporativa, Luiz Gustavo Gouvea.

A carta escancara de forma pública a crise vivida pela Vale no processo sucessório do presidente da companhia, marcado por tentativas de intervenção do governo e por movimentos empresariais nos bastidores.

Prossegue Penido: “No conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse. O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa, em claro descompromisso com a confid

As críticas não param aí: “Não acredito mais na honestidade de propósitos de acionistas relevantes da empresa no objetivo de elevar a governança corporativa da Vale a padrão internacional de uma Corporation”.

E conclui: “Nesse contexto minha atuação como Conselheiro independente se torna totalmente ineficaz, desagradável e frustrante”.

Penido foi eleito como conselheiro independente da Vale em assembleia geral de acionistas, com mandato de maio de 2023 até abril de 2025. Ele era um dos oito conselheiros independentes da Vale em um colegiado com 13 integrantes.

Penido estava no colegiado da Vale desde 2019, chegou a presidir o conselho de administração da empresa e é um executivo com longa experiência em mineração e siderurgia.

Um substituto deve entrar no lugar dele para cumprir mandato tampão até abril de 2025.

Penido foi um dos dois conselheiros independentes que votaram contra o processo sucessório da forma como foi aprovado na sexta-feira (8), que estendeu o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, até dezembro.

O outro conselheiro independente a votar contra o processo sucessório foi Paulo Hartung, que está na Vale desde 2023.

Todos os demais 11 integrantes do colegiado, incluindo representantes da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, da Bradespar, empresa de participações do Bradesco, da japonesa Mitsui e da Cosan votaram a favor do processo.

Também votaram favoravelmente os demais conselheiros independentes, com exceção de Penido e Hartung, e o representante dos empregados.

Fonte: Valor Econômico, Março/2024.