ECONOMISTAS VEEM ANÚNCIO DE HADDAD COMO POSITIVO, MAS JÁ ANTECIPAM NECESSIDADE DE NOVO CONGELAMENTO

ECONOMISTAS VEEM ANÚNCIO DE HADDAD COMO POSITIVO, MAS JÁ ANTECIPAM NECESSIDADE DE NOVO CONGELAMENTO

Especialistas avaliam como positivo o anúncio feito pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de um congelamento de r$ 15 bilhões em recursos do orçamento deste ano – sendo bloqueio de r$ 11,2 bilhões e contingenciamento de r$ 3,8 bilhões (leia mais abaixo). eles ponderam, porém, que será necessária uma nova contenção de despesas, de modo a cumprir ao menos o piso da meta fiscal deste ano, de zerar o déficit das contas públicas.

O valor, antecipado por Haddad nesta quinta-feira, 18, ficou acima do esperado pelo mercado para este anúncio. A mediana das estimativas de 15 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast previa que a equipe econômica congelaria R$ 12 bilhões na próxima segunda-feira, 22, quando será apresentado o 3º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas.

Por outro lado, os analistas avaliam que, para o cumprimento do piso da meta fiscal em 2024, a contenção deveria ser da ordem de R$ 26,4 bilhões – embora haja divergências nas previsões. Assim, analistas já preveem que o restante da contenção seja anunciada no relatório de setembro.

Segundo o especialista em contas públicas Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos, a contenção de despesas anunciada pelo governo veio acima do esperado – a expectativa era a de um congelamento de R$ 12 bilhões. Ele afirma que a iniciativa é positiva e ajuda a reduzir o risco fiscal de descumprimento do limite de despesas, mas pondera que é necessário ampliar a contenção de gastos para fazer com que a meta de déficit zero deste ano seja cumprida – ainda que dentro da banda de tolerância (de déficit de R$ 28,8 bilhões).

No caso do bloqueio, a estimativa de Sbardelotto é de que era necessário chegar a R$ 16 bilhões. “Uma parte importante desse valor vai ser feito agora – o que torna menos custoso ajustes adicionais menores”, disse Sbardelotto. “Por outro lado, o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões ainda nos parece insuficiente.”

O economista prevê que é necessário um contingenciamento extra de R$ 25,5 bilhões, sendo que R$ 15 bilhões poderão advir de empoçamento de despesas (gastos autorizados, porém não executados).

“No entanto, há diversas informações e premissas que o governo pode ter adotado quando da atualização da estimativa de receitas. É preciso avaliá-las para se ter maior clareza de quanto o governo avançou rumo a um cenário que consideramos mais realista”, afirmou Sbardelotto.

Veio uma parte agora e ficou o resto. Estava prevendo R$ 16 bilhões, e veio R$ 15 bilhões. Significa que eles (a equipe econômica) estão revisando a (despesa) obrigatória, bastante –o que é correto”, afirma o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto.

“Tem de ver se a revisão de receitas ainda foi intermediária, como acho que foi – o que levaria a explicar uma revisão apenas parcial em despesas que são indexadas à receita, como saúde. Logo, ele (governo) fez um corte maior via bloqueio e menor via contingenciamento.”

O economista-chefe da Az Quest, Alexandre Manoel, avalia o anúncio como um sinal de comprometimento do governo com a meta fiscal. “Estamos com uma projeção de déficit primário de R$ 55 bilhões. Logo, governo tem de continuar contingenciando e bloqueando nessa intensidade nos próximos relatórios bimestrais – algo que não havia feito até o presente momento.”

“Se ele mirar a meta mesmo, que é déficit zero, teria de contingenciar mais uns R$ 40 bilhões ao longo do ano. Contudo, se mirar o limite inferior da meta, como vinham fazendo, aí sim precisaria de mais uns R$ 15 bilhões (em relação ao anunciado hoje).”

Qual a diferença entre bloqueio e contingenciamento?

No contingenciamento, o governo congela despesas quando há frustração de receitas, a fim de cumprir a meta fiscal (saldo entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida). Para este ano e para 2025, a meta é de zerar o déficit das contas públicas.

Como a meta tem uma banda (intervalo de tolerância) de 0,25 ponto porcentual do PIB para cima e para baixo, o governo cumpre a meta desde que não extrapole o piso da banda – ou seja, um déficit de R$ 28,8 bilhões.

Já o bloqueio é realizado para cumprir o limite de despesas do arcabouço fiscal. Assim, quando há aumento de gastos obrigatórios (como aposentarias, por exemplo), o governo bloqueia despesas não obrigatórias (como custeio e investimentos) para compensar.

Fonte: MSN, Julho/2024.

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